Ato em Defesa da Cedae: Uma Luta Contra a Privatização do Saneamento
Na última quinta-feira (9), o Rio de Janeiro testemunhou um ato massivo em defesa da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que reuniu cerca de duas mil pessoas em frente ao Palácio Guanabara, na zona sul da cidade. O evento, que contou com a participação de movimentos populares, trabalhadores e moradores de favelas, foi motivado pela ameaça de uma nova privatização do saneamento no estado. Durante o protesto, os manifestantes levantaram bandeiras em prol da manutenção da Cedae como uma entidade pública e ressaltaram a importância da água como um bem essencial e um direito de todos.
A mobilização emergiu em resposta aos planos do governo do estado para a venda de ações da Cedae, denunciando que a experiência passada, quando as concessionárias assumiram a distribuição de água, resultou em uma significativa piora na qualidade dos serviços. O foco principal da manifestação foi a defesa da soberania hídrica, e os participantes enfatizaram que a água deve ser considerada um bem público, inalienável aos interesses privados.
A deputada Marina do MST (PT), que preside a Comissão de Segurança Alimentar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), criticou o governador Cláudio Castro (PL) por tentar desviar a atenção da população. Ela afirmou que a abertura de capital da Cedae corresponderia a uma privatização disfarçada, afirmando: “A água também é alimento e não há como garantir a soberania alimentar sem água. O que está em jogo é privatizar um bem público, um direito do nosso povo”.
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Fonte: alagoasinforma.com.br
A Ameaça da Privatização e Seus Efeitos
O consórcio Hidro Rio foi recentemente escolhido em uma licitação de R$ 18,75 milhões para elaborar um estudo que avança com a proposta de abertura de capital da Cedae. Especialistas em segurança hídrica alertam que essa medida pode comprometer etapas essenciais para a gestão da água, uma vez que a Cedae é responsável pela produção de água que abastece a população fluminense.
Um grupo de parlamentares já solicitou à Alerj a criação de uma comissão especial com o intuito de acompanhar o governo estadual durante o processo de abertura de capital da Cedae, expressando preocupações com a falta de transparência que permeia essa iniciativa. O deputado Flávio Serafini (Psol) afirmou que a iminente privatização da produção de água faz parte de uma série de ataques aos direitos sociais da população do Rio de Janeiro.
“Se a privatização da Cedae avançar, não restará nada dos direitos sociais, nem mesmo acesso à água, já que as empresas têm dificultado a tarifa social e aumentado os custos, prejudicando especialmente os mais pobres”, alertou Serafini, sublinhando o impacto desproporcional que essa medida teria nas comunidades vulneráveis.
As Consequências da Privatização e a Defesa da Água como Direito
A deputada Dani Balbi (PCdoB) acrescentou que as comunidades mais afetadas pela privatização dos serviços de água foram entregues à iniciativa privada, gerando desabastecimento e aumentos abusivos nas tarifas. “Água e esgoto são direitos fundamentais para a classe trabalhadora e representam o primeiro passo para o acesso à saúde. O que temos observado são aumentos de tarifas que chegam a 1.000%, penalizando a população mais vulnerável”, protestou Balbi.
A privatização da distribuição de água foi apresentada como uma solução para a crise financeira do estado pelo governo Castro, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2021. Desde então, os problemas relacionados à falta d’água, aumento de tarifas e rompimento de adutoras se tornaram mais frequentes.
Durante o ato, o deputado federal Glauber Braga (Psol) criticou abertamente o governador Cláudio Castro, afirmando que o Rio de Janeiro possui “o pior governador do Brasil, que está tentando entregar o patrimônio do estado”. Segundo Braga, muitos municípios que resistiram à privatização estão sendo pressionados a ceder suas concessões, enquanto a Cedae continua a prestar um serviço de qualidade inigualável.
“Nos locais onde a água foi privatizada, a insatisfação do povo é extrema. Contudo, onde a Cedae opera, as pessoas desejam a continuidade desse trabalho. É essencial apoiar esses municípios como exemplo para a reestatização em todo o estado”, concluiu Braga, reforçando a importância de manter o saneamento como direito público.