Risco de Contaminação no Rio Paraíba do Sul
Um novo relatório da Polícia Federal (PF) alerta sobre os riscos ambientais associados ao acúmulo de rejeitos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda. O documento, que faz parte das investigações que duraram oito anos, concluiu que o depósito de resíduos pode comprometer a qualidade das águas do Rio Paraíba do Sul, fundamental para o abastecimento de água da região.
A CSN foi indiciada e denunciada por crimes ambientais, e o relatório destaca que o local de armazenamento dos rejeitos está situado a apenas 60 metros de uma importante fonte de água potável do estado do Rio de Janeiro. O alerta se estende às comunidades vizinhas, que podem ser afetadas pela liberação de contaminantes, especialmente em casos de inundação.
Possibilidade de Catástrofe Ambiental
De acordo com a PF, uma inundação nas pilhas de escórias poderia resultar em uma catástrofe ambiental. O delegado Felipe Covre pontuou que o impacto potencial sobre as populações e os cursos hídricos é evidente, mencionando que a chance de uma catástrofe é alarmante. “Quem poderia imaginar que o desastre de Mariana, que vitimou 19 pessoas em 2015, afetaria pescadores a centenas de quilômetros? Em tempos de eventos climáticos extremos, não podemos correr riscos desnecessários”, afirmou Covre.
O relatório também sugere que a água da chuva, ao infiltrar no solo, contribui para a contaminação do lençol freático. A PF encontrou evidências de poluentes presentes na água, devido à falta de impermeabilização do solo sob as escórias, o que representa uma grave violação das normas ambientais.
Impactos na Fauna e no Abastecimento
A investigação da PF aponta que a fauna local pode sofrer consequências severas. O abastecimento de água para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro é crítico, uma vez que o Rio Paraíba do Sul é uma das principais fontes para o sistema Guandu, responsável por suprir grande parte da população. A contaminação do rio, portanto, não é apenas uma preocupação ambiental, mas também uma questão de saúde pública.
Preocupações com a Poluição Atmosférica
Além do risco de contaminação da água, a PF também destaca a poluição do ar resultante da dispersão de partículas das pilhas de escória. Com até 30 metros de altura, essas pilhas permitem que o material seja levado pelo vento, afetando a qualidade do ar e causando problemas de saúde a moradores e animais nas proximidades.
O delegando Covre menciona que a ausência de sistemas adequados para controlar a emissão de partículas é preocupante. Mesmo com a licença de operação, que previa um umidificador para mitigar a dispersão, a prática não tem sido adequadamente implementada.
Reações da CSN e do Inea
Em resposta às denúncias, a CSN se manifestou, afirmando que o material estocado não é perigoso e que a atividade de estocagem realizada no local não é considerada um aterro. A companhia também ressaltou que está em negociação para reduzir as pilhas nos próximos anos e que busca soluções compatíveis com a legislação ambiental.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), por sua vez, afirmou que a licença concedida não abrange atividades de estocagem, já que estas ocorreram antes da implementação das normas ambientais atuais. O Inea também mencionou que medidas para controle da poeira estão sendo exigidas.
Caminhos e Soluções Futuras
As investigações continuam, e a pressão sobre a CSN e as autoridades ambientais deve aumentar, considerando a gravidade dos achados do relatório. O delegado Covre enfatizou a importância de uma abordagem preventiva em relação a riscos ambientais, especialmente em uma época em que desastres naturais são cada vez mais frequentes. A sociedade, agora mais consciente, aguarda ações concretas que garantam a proteção dos recursos hídricos e a saúde pública.