Discussão em Arraial do Cabo
Na manhã desta segunda-feira (14), uma tentativa de proteger um pinguim-de-magalhães na Praia Grande, em Arraial do Cabo, resultou em uma acalorada discussão. Uma moradora local, ao perceber que uma banhista se aproximava do animal, interveio para alertá-la sobre os perigos que essa aproximação poderia trazer, além de ressaltar a necessidade de manter distância do pinguim. Infelizmente, seu aviso não foi bem recebido.
Testemunhas afirmam que o pinguim buscava descanso na faixa de areia, quando a mulher decidiu entrar na água com a intenção de interagir com o animal. A moradora que tentou salvá-lo pediu à banhista que se afastasse, explicando que o pinguim precisava sair da água para recuperar suas energias. Em resposta, ela recebeu ofensas verbais.
“Ela me mandou tomar em vários lugares e afirmou que eu ‘fumava cocaína’, continuando a se aproximar do pinguim”, contou a denunciante. “Nesse momento, o animal estava tentando vir para a areia. Quando finalmente se aproximou, ela o afastou de novo”, acrescentou.
Repetição de Incidentes
Moradores e ambientalistas ressaltam que casos como esse têm se tornado frequentes nas praias da região durante a migração dos pinguins-de-magalhães. Esta espécie, originária da Patagônia, aparece na costa brasileira entre junho e setembro, quando jovens indivíduos costumam se perder do grupo e chegam debilitados às praias em busca de descanso.
É crucial que, ao avistar um pinguim na areia ou no mar, as pessoas mantenham distância, evitem fazer barulho e não tentem tocar ou devolver o animal ao mar. O contato humano pode estressar o pinguim, prejudicando sua recuperação e configurando crime ambiental, conforme estipulado pela Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/98), que proíbe a perseguição e o abuso contra animais silvestres.
Como Proceder em Caso de Encontro
Os banhistas que encontrarem um pinguim encalhado ou debilitado devem entrar em contato com o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) pelo número 0800 991 4800. Esse serviço é gratuito e visa o resgate e o manejo adequado da fauna marinha.
Temporada de Migração dos pinguins
Durante os meses de junho a setembro, os pinguins-de-magalhães realizam sua migração, deixando a Patagônia em busca de alimento e águas mais quentes. Neste período, muitos animais acabam encalhados nas areias das praias, debilitados e frios, devido ao cansaço extremo ou doenças. O atendimento adequado é essencial para a sobrevivência desses animais.
Se os banhistas se depararem com pinguins, vivos ou mortos, é fundamental que acionem imediatamente o PMP-BC/ES pelo telefone 0800 991 4800. A mesma orientação se aplica ao avistar tartarugas marinhas, aves marinhas e mamíferos marinhos nas praias.
Vale ressaltar que, ao encontrar um pinguim na areia, é essencial não tentar devolvê-lo ao mar, alimentá-lo ou tocá-lo. “Não coloque-os em recipientes com água ou gelo, pois eles já estão sofrendo com o frio. É importante também evitar tirar fotos com animais encontrados na natureza, principalmente os que estão feridos ou debilitados, pois isso pode aumentar seu estresse e agravar ferimentos”, alerta a médica veterinária Daphne Goldberg, responsável técnica do Instituto Albatroz.
O Papel do Instituto Albatroz
O Instituto Albatroz, que mantém um Centro de Visitação em Cabo Frio, realiza o Projeto de Monitoramento de Praias das Bacias de Campos e Espírito Santo (PMP-BC/ES), em parceria com a Petrobras. O projeto abrange 25 praias em um litoral de 54 quilômetros, incluindo Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo. O monitoramento é feito diariamente, tanto a pé quanto com quadriciclos, por técnicos e monitores.
O PMP foi desenvolvido para atender as exigências do licenciamento ambiental federal relacionado às atividades da Petrobras na produção e escoamento de petróleo e gás natural. A realização deste projeto é uma condição para o licenciamento ambiental federal, sob a supervisão do Ibama.