Impacto da Crise nas Bebidas Alcoólicas
A recente crise causada pelas intoxicações por metanol afetou drasticamente o setor de bares e restaurantes do Rio de Janeiro, levando a uma queda estimada de 80% na demanda por drinks e bebidas destiladas na última semana. Segundo o SindRio, órgão que representa esses estabelecimentos, muitos consumidores estão optando por alternativas como chopes e cervejas. A entidade enfatiza que os locais que dependem de coquetéis e caipirinhas são os mais comprometidos pela situação.
Para enfrentar essa crise, o Ministério Público do Rio de Janeiro emitiu uma recomendação visando fortalecer as medidas de controle e rastreabilidade na comercialização de bebidas alcoólicas. As novas diretrizes incluem a aquisição de produtos apenas de fornecedores devidamente registrados, com CNPJ ativo e nota fiscal eletrônica, além da manutenção de cadastros atualizados e a implementação de protocolos rigorosos de checagem no recebimento e armazenamento dos itens.
Fernando Blower, presidente do SindRio, ressalta que as medidas de segurança já são práticas adotadas por estabelecimentos sérios. Porém, ele acredita que o problema reside principalmente em locais informais e sem regulamentação. “A grande maioria dos estabelecimentos formais, que são representados pelo SindRio, cumpre suas responsabilidades na cadeia de fornecimento. Eles compram direto da indústria ou de distribuidores autorizados, sempre com nota fiscal. A informalidade é o principal problema. Em casos de desvios, como os que ocorreram em São Paulo, estamos lidando com negócios informais, que não se preocupam com a legalidade mínima. Frequentemente, é possível perceber que está em um local irregular, sem gestão adequada. Estabelecimentos formais mantêm essa cadeía de maneira muito competente”, afirma.
Descarte e Fiscalização: Medidas Necessárias
Outra sugestão do SindRio é que os estabelecimentos realizem o descarte apropriado de garrafas usadas, evitando que criminosos possam reutilizar os recipientes para falsificações. Blower também criticou o aumento da contrafação de bebidas no Brasil, atribuindo a situação à falta de fiscalização adequada. “É preciso reconhecer o papel crucial das autoridades, pois bares e restaurantes estão sofrendo as consequências, assim como a população. Nenhum bar fabrica bebidas ilegais. Se estamos enfrentando esses problemas, é porque o governo não cumpriu sua função de fiscalização. É isso que estamos cobrando com urgência”, enfatiza.
No Rio, um caso suspeito de intoxicação por metanol foi recentemente descartado em Niterói pela Secretaria de Estado de Saúde. A paciente, que passou mal após consumir bebida alcoólica na Lapa, já recebeu alta de um hospital particular. Além disso, existe uma notificação em investigação de um homem de 37 anos em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, que também já recebeu alta, mas permanece sob acompanhamento médico. O resultado do exame deve ser divulgado até o dia 18.
Medidas Emergenciais do Governo Estadual
Em resposta a esses casos suspeitos, o governo estadual começou a adquirir kits de etanol farmacêutico, utilizados como antídoto no tratamento de intoxicações por metanol. Na última segunda-feira, 60 doses fornecidas pelo Ministério da Saúde chegaram à capital fluminense.
A população é orientada a buscar atendimento médico se apresentarem visão turva, desconforto gástrico ou sintomas de gastrite após o consumo de álcool. A intoxicação por metanol pode levar à cegueira irreversível e até ao óbito. O Hospital Estadual Anchieta é a principal unidade de referência no estado para o tratamento desses pacientes.
As unidades de saúde estaduais receberam orientações sobre os sintomas que podem indicar contaminação por metanol e sobre o tratamento adequado. Além disso, os municípios foram instruídos a encaminhar amostras para detecção ao Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen-RJ), que estabeleceu parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para análises mais detalhadas.