Rio de Janeiro: Um Exemplo de Resiliência em Saúde Pública
O Rio de Janeiro tem se destacado no cenário da saúde pública, conforme revelado em um artigo recente da respeitada revista The Lancet. A pesquisa, intitulada “No time to wait: resilience as a cornerstone for primary health care across Latin America and the Caribbean”, analisa a evolução do sistema de saúde do estado e a transformação que possibilitou à capital fluminense se tornar uma referência em resposta a epidemias.
Historicamente, até 2008, o sistema de saúde municipal do Rio era predominantemente hospitalocêntrico, com uma estrutura fragmentada e falta de integração. A epidemia de dengue daquele ano, que resultou em mais de 235 mil casos, expôs as fragilidades desse modelo, levando à necessidade urgente de uma reestruturação. A partir de 2009, iniciativas foram implementadas visando integrar os serviços e priorizar a atenção primária.
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A transformação foi marcada pelo fortalecimento das Equipes de Saúde da Família (ESF), que contaram com suporte federal e investimentos locais em vigilância e atenção primária. Esse modelo mostrou resultados significativos: a cobertura das equipes saltou de apenas 3,5% em 2008 para mais de 70% em 2016, atingindo 80% em 2024. Esse avanço refletiu em indicadores positivos, como a queda na mortalidade infantil e a redução de internações evitáveis, além de um controle mais eficaz de doenças crônicas.
O estudo também enfatiza que o Rio enfrentou diversos desafios nos últimos anos, incluindo surtos de arboviroses como Zika e dengue, além de ondas de calor e episódios de violência. A estrutura de atenção básica foi crucial para garantir o atendimento à população, mesmo em momentos críticos.
Durante a pandemia de COVID-19, o estudo identifica duas fases distintas na resposta do sistema de saúde. No início, a cidade enfrentou dificuldades com a escassez de insumos e falta de preparação das equipes. No entanto, a partir de 2022, o sistema se reestruturou efetivamente, aumentando a testagem, o rastreamento de contatos e a vacinação, com foco especial na assistência a grupos vulneráveis.
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Esse período de adaptação consolidou o uso de dados em tempo real e implementou protocolos de resposta rápida, transformando as clínicas da família em centros de monitoramento e inovação em saúde.
Em 2024, um novo surto de dengue, que gerou mais de 100 mil casos, desafiou novamente o sistema. A atenção primária desempenhou um papel fundamental como porta de entrada e filtro, permitindo a identificação de casos graves e garantindo atendimentos essenciais, o que, por sua vez, ajudou a evitar a sobrecarga nos hospitais de emergência.
Além disso, o relatório menciona a implementação de planos de contingência em resposta a ondas de calor, incluindo a criação de estações de hidratação, mapeamento de vulnerabilidades e integração com a Defesa Civil, Educação e Assistência Social.
Por fim, o estudo conclui que o Rio de Janeiro conseguiu reformular sua atenção primária, transformando-a em “um centro de resposta, continuidade e inovação”. Essa mudança foi possível graças à incorporação de práticas de resiliência e gestão de crises no dia a dia das unidades de saúde, estabelecendo um novo padrão de atendimento e fortalecimento da saúde pública.