Debate em Plenária Sobre o Futuro do Colégio Rui Barbosa
Na última quinta-feira (7), estudantes, professores, pais e apoiadores do Colégio Municipal Rui Barbosa, em Cabo Frio, se reuniram em uma plenária para discutir a grave ameaça de fechamento da instituição. O colégio, que é a única unidade da rede municipal dedicada exclusivamente ao ensino médio, enfrenta essa possibilidade devido a uma ação do Ministério Público. A alegação é de que a responsabilidade pela manutenção do ensino médio não cabe ao município. O encontro ocorreu no próprio colégio, em dois horários: às 10h30 e às 16h30, entretanto, os resultados das discussões não foram divulgados até o fechamento deste artigo.
Como parte da mobilização do movimento #RuiResiste, um grupo de manifestantes participou da primeira sessão legislativa na Câmara de Cabo Frio após o recesso parlamentar, realizada na terça-feira (5). Os manifestantes destacaram sua preocupação com a continuidade das aulas em instituições como o Rui Barbosa e a E.M. Arlete Rosa Castanho, que se destaca no atendimento a alunos com deficiência auditiva. A audiência foi marcada pela presença de alunos e responsáveis, que solicitaram a atenção dos vereadores.
Nas redes sociais, a Câmara Municipal informou que membros da Comissão de Educação se reuniram com estudantes ao término da sessão. O presidente da Comissão, vereador Rodolfo Aguiar, comprometeu-se a levar as reivindicações à Secretaria Municipal de Educação e ao prefeito. Uma nova reunião com os estudantes está programada para a próxima semana. Participaram do diálogo com o movimento #RuiResiste os vereadores Geovani Ratinho, Oséias de Tamoios, Thiago Vasconcelos, Zé Antônio Odilon, Alexandra Codeço, Luis Geraldo, além de Tata de Tamoios, André Jacaré e Milton Alencar.
Rebeca Von Jabornegg, presidente do Grêmio Estudantil Livre Edson Luís (Gelel), comentou sobre a situação da escola: “O Rui é uma escola que, constantemente, sofre com ameaças. Atualmente, existe um processo no Ministério Público que pode levar ao fechamento do Rui Barbosa e de outras escolas de ensino médio. O argumento é que o município não consegue atender à demanda de alunos do ensino fundamental e da Educação infantil, e, portanto, o fechamento do ensino médio seria uma solução viável, visto que esse gasto é considerado ‘desnecessário’”.
Lyandra Marques, vice-presidente do Grêmio, acrescentou: “O Rui Barbosa luta há 45 anos para existir. O fato de nossa escola ter uma qualidade educacional superior e proporcionar um senso crítico aos alunos incomoda muitas pessoas”.
O apoio à causa também foi reforçado por Julianderson Ribeiro, presidente do Parlamento Juvenil da Câmara Municipal, que se comprometeu a colaborar e cobrar ações de seus colegas. O Colégio Municipal Rui Barbosa, fundado em 1978 durante a gestão de José Bonifácio, é a primeira escola de ensino médio da rede municipal e anteriormente era uma unidade privada. Em 1980, foi oficializado como colégio municipal e, em 2021, foi protegido por uma lei que reconhece seu valor cultural e educacional.
A lei, de autoria do ex-vereador Felipe Monteiro, considera o Colégio Rui Barbosa um Patrimônio Cultural Imaterial do município. A justificativa expressa que a instituição é reconhecida pela comunidade cabofriense por sua qualidade e por seu engajamento nas lutas por melhorias na Educação, especialmente através do movimento estudantil.
Embora já tenha enfrentado ameaças de fechamento antes, a atual situação pegou a comunidade de surpresa. A diretora da escola, Ivana Márcia Veríssimo dos Santos, revelou que a articulação foi descoberta acidentalmente, quando uma ata de reunião entre o Ministério Público e o secretário de Educação foi enviada de forma errada para o Fundeb, órgão de fiscalização.
“Na reunião, o secretário de Educação, Alfredo Gonçalves, mencionou a necessidade de atender demandas por vagas em creches e no sexto ano em Tamoios. Ele alegou que a Prefeitura não possui recursos suficientes, o que justificaria o fechamento do ensino médio”, explicou Ivana, que também ressaltou que o movimento já resultou em várias manifestações na cidade, inclusive em frente ao Ministério Público.
Um post nas redes sociais do colégio menciona que as escolas de ensino médio (Elza Bernardo, Marli Capri, Nilo Batista e Rui Barbosa) estão sendo consideradas desnecessárias e ameaçadas de fechamento. No caso do Rui Barbosa, a situação é ainda mais crítica, pois é a única instituição da lista que oferece exclusivamente o ensino médio. O post destaca a falta de apoio da Prefeitura e da Secretaria de Educação na defesa dessa modalidade de ensino, algo considerado um absurdo, especialmente diante da qualidade da Educação oferecida.
A União Cabofriense dos Estudantes também se manifestou, questionando: “A quem interessa fechar escolas?” Em sua nota oficial, a UCE enfatiza a urgência de investimentos e a necessidade de melhorias na estrutura das escolas públicas, além de criticar a intenção de fechar uma das instituições mais tradicionais da cidade, que ao longo de gerações formou diversos alunos. A nota conclui afirmando que não se pode permitir que a Educação pública seja negligenciada em benefício de interesses privados.
Um abaixo-assinado virtual foi criado em apoio ao Colégio Rui Barbosa, que já conta com mais de 1500 assinaturas, com o objetivo de alcançar 2.500 assinaturas até o final da campanha.