Rodrigo Cabral e sua Obra ‘Refinaria’
Rodrigo Cabral, um nome em ascensão na literatura brasileira, é semifinalista do Prêmio Jabuti 2025 na categoria “Escritor Estreante – Poesia” com sua obra intitulada ‘Refinaria’. Lançado pela editora Sophia, uma iniciativa do próprio autor em Cabo Frio (RJ), o livro tem como propósito valorizar a herança histórica e a memória da Região dos Lagos, além de trazer à tona a riqueza cultural do Brasil. A conquista de Cabral é ainda mais significativa, pois ‘Refinaria’ será adaptada para um espetáculo teatral que contará com a atuação de Guilherme Guaral, a direção de Rodrigo Senna, trilha sonora de Junior Carriço e projeções de vídeos de Douglas Lopes.
Semifinalistas na Mesma Categoria
Na mesma categoria do Jabuti, outros semifinalistas também se destacaram. Entre eles, estão ‘Café com Pássaros’, de Karla Galant; ‘Kitnet de Vidro’, de Diuliane de Castilhos Paim; e ‘Maracujá Interrompida’, de Luis Osete. Este ano, a competição destaca uma gama diversificada de vozes e estilos que refletem a dinâmica da poesia contemporânea.
Explorando Temas Profundos em ‘Refinaria’
A obra ‘Refinaria’ é uma coleção de poemas que buscam capturar a transformação das paisagens da Região dos Lagos, assim como a própria memória. Lançada durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2024 e na Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 2025, o livro traz ilustrações do artista Rapha Ferreira, além de um prefácio da editora e escritora Júlia Vita, que também teve papel fundamental na edição do texto.
Os poemas de Cabral revisitam cenários em constante mudança, refletindo sua relação com Cabo Frio, uma das cidades banhadas pela Laguna de Araruama, reconhecida como a maior do mundo em hipersalinidade permanente. Em suas palavras, “Ouvi o que esses cenários diziam sobre minhas memórias, sempre borradas e fragmentadas”, destacando a interconexão entre a natureza e a experiência humana.
Reflexões sobre Transformação e Escrita
‘Refinaria’ não apenas aborda a transformação do ambiente, mas também questiona os processos internos do autor. Cabral reflete: “O que me moveu, primeiro, foi me reconhecer como um poeta da restinga. Ou um poeta da orla, como escreve Júlia Vita no prefácio.” A figueira centenária da sua rua de infância, por exemplo, serve como um símbolo de permanência em um mundo em constante transformação.
Os temas abordados pela obra incluem a relação do autor com seu pai, seus laços com a paisagem e a complexidade da memória. Cabral comenta que o livro trata da própria escrita, um texto que é constantemente revisto e refeito, em busca de significado. Essa abordagem convida o leitor a se engajar em um diálogo contínuo com a obra, adaptando e reinterpretando os versos de acordo com suas próprias experiências.
Um Estilo que Une o Local ao Universal
Os versos de ‘Refinaria’ estabelecem um equilíbrio entre a linguagem regional e uma universalidade poética, permitindo que leitores de diversas origens se conectem tanto com a realidade local quanto com suas emoções e vivências pessoais. Além disso, a obra faz referências à formação geológica da camada pré-sal e tece paralelos com a história da cana-de-açúcar em Campos dos Goytacazes, cidade natal do autor.
Sobre Rodrigo Cabral
Rodrigo Cabral, de 35 anos, tem suas raízes em Campos dos Goytacazes (RJ) e cresceu em Cabo Frio. Em 2024, destacou-se como segundo colocado no Prêmio Off Flip de literatura na categoria Contos e foi semifinalista na categoria Poesia. No ano anterior, conquistou o terceiro lugar no Festival de Poesia de Lisboa e, em 2022, também foi semifinalista do Prêmio Off Flip na mesma categoria. Seu trabalho como editor tem sido voltado para a preservação e divulgação da história e cultura da região. ‘Refinaria’ representa sua estreia literária.
Em sua busca por inspiração, Cabral menciona a obra ‘Água-mãe’, do renomado escritor paraibano José Lins do Rego, que representa uma virada em sua narrativa ao trazer paisagens de Cabo Frio com imagens vívidas, conectando suas referências literárias ao contexto local de maneira marcante.