Câmara do Rio Aprova Distribuição de Repelentes em Áreas com Infestação de Borrachudos

Medida Aprovada para Combater Infestação

Um projeto de lei que prevê a distribuição gratuita de repelentes em bairros do Rio de Janeiro com alta infestação de borrachudos foi aprovado na última quinta-feira (2) pela Câmara Municipal. A proposta, originada pela comissão de Combate ao Borrachudo, estabelece que os materiais serão entregues nas unidades de saúde da cidade.

A aprovação ocorreu em segunda discussão e agora aguarda a sanção do prefeito Eduardo Paes (PSD). O vereador Marcelo Diniz (PSD), que preside a comissão, destacou que muitos cidadãos enfrentam dificuldades financeiras para se proteger.

“Esta é uma grande conquista para a população, especialmente para aqueles que não têm recursos para se defender contra os insetos. A legislação vai trazer alívio para crianças, idosos e moradores de comunidades carentes que não conseguem lidar com os mosquitos”, afirmou Diniz.

Origem da Crise

A comissão foi criada em junho, após um aumento significativo nos relatos de moradores que enfrentavam sérios problemas devido à infestação de borrachudos. Desde maio, os relatos incluem inchaço, coceira intensa, vermelhidão e até reações alérgicas oriundas das picadas dos insetos.

Especialistas, como o biólogo Paulo Sérgio Gama, representante da Secretaria de Meio Ambiente e Clima, abordaram questões de desequilíbrio ambiental que favorecem a reprodução dos borrachudos. Ele explicou que esses insetos se proliferam em águas limpas e correntes, como rios e córregos, especialmente em regiões adjacentes a áreas de vegetação.

“As larvas se alimentam da matéria orgânica em excesso nos córregos, como lixo e esgoto. Embora o mosquito desempenhe um papel ecológico, o problema real reside no desequilíbrio ambiental que permite a sua multiplicação descontrolada”, destacou Gama.

Ele enfatizou a importância da conservação da mata ciliar e do apoio a iniciativas como o Mutirão Reflorestamento e os Guardiões dos Rios, que buscam restaurar o equilíbrio natural ao recuperar áreas verdes e reintroduzir predadores naturais, como libélulas e pássaros.

Desafios no Controle da Infestação

Moradores das zonas Oeste e Norte do Rio têm reportado uma grave infestação de borrachudos, e a eficácia do fumacê como medida de controle foi questionada. O subsecretário de Promoção da Saúde, Renato Cony, ressaltou que o fumacê não é eficiente contra esses insetos, ao contrário do que muitos acreditam. Segundo ele, o veneno não consegue atingir os borrachudos adultos, que são pequenos e rápidos.

“O fumacê oferece apenas uma solução temporária, pois os mosquitos retornam em poucos dias. Além disso, ele pode agravar a situação ao eliminar predadores naturais, como libélulas e pássaros”, afirmou Cony.

O subsecretário recomendou a utilização do BTI (Bacillus thuringiensis israelensis), um larvicida biológico que tem mostrado eficácia contra as larvas do borrachudo. No entanto, ele alertou que a aplicação do BTI precisa ser frequente e requer uma estrutura de planejamento constante.

“Embora a aplicação do BTI seja crucial, ela não é suficiente se não houver uma limpeza regular das pedras, onde os ovos são depositados, e a preservação das matas que sustentam o ecossistema”, concluiu.