Iniciativa Cultural e Histórica
Na última terça-feira (16), o governo federal promoveu uma cerimônia significativa para formalizar a assinatura do termo que permitirá a restauração e requalificação do Armazém das Docas André Rebouças, localizado em frente ao Cais do Valongo, na histórica Pequena África, no centro do Rio de Janeiro. Esse espaço, que homenageia o engenheiro negro e abolicionista André Rebouças, é um marco importante na arquitetura nacional, sendo originalmente concebido por ele.
Com um investimento de R$ 86,2 milhões proveniente do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), o armazém será transformado em um dos principais centros de memória da população negra na América Latina. Além disso, o local abrigará o Centro de Interpretação do Patrimônio Mundial do Cais do Valongo, promovendo ações focadas na valorização da cultura afro-brasileira e na preservação da memória histórica.
Colaboração entre Instituições
O Termo de Execução Descentralizada foi assinado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pela Fundação Cultural Palmares (FCP), pelo Ministério da Cultura (MinC) e pelo Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), que é vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A presença de representantes de diversas instituições da Pequena África e membros do Comitê Gestor do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo destacou a importância e o envolvimento da comunidade nesse projeto.
Durante a cerimônia, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou a relevância histórica do espaço, que não só representa um marco na engenharia nacional, mas também simboliza a resistência negra no século 19. “Toda vez que venho aqui, fico impressionada com a magnitude dessa obra, realizada há muitos anos e sem o uso de mão de obra escravizada, já como uma iniciativa pioneira de enfrentamento ao racismo. Isso deve nos fazer lembrar que este combate é um exercício permanente, que precisa ser praticado todos os dias”, afirmou em nota à Imprensa.
Reconhecimento da Herança Africana
João Jorge Rodrigues, presidente da Fundação Cultural Palmares, enfatizou que o projeto de restauro é uma forma de amplificar o reconhecimento da herança africana e do território da Pequena África. “Homens e mulheres morrem, mas as ideias sobrevivem. E as ideias de André Rebouças permanecem vivas com o apoio desta iniciativa. Devemos realizar uma reparação grande, à altura dos africanos que chegaram ao Rio de Janeiro”, destacou Rodrigues, ressaltando a importância de valorizar a história e a cultura negra no Brasil.
A cerimônia foi encerrada de uma forma especial, com um cortejo conduzido pelo Afoxé Filhos de Gandhi, que trouxe um toque cultural e festivo ao evento. A expectativa é que, com a assinatura do termo, o espaço esteja aberto ao público dentro de até 36 meses após o início das obras, que estão previstas para começar até o final do segundo semestre de 2026.

