A Nova Taxa de Turismo em Angra dos Reis
A Ilha Grande, com suas águas verde-esmeralda e areias claras, sempre foi um dos destinos mais cobiçados do estado do Rio de Janeiro. No entanto, a partir de janeiro, um novo desafio se apresenta para os turistas: a cobrança de uma taxa de visitação, que promete alterar a dinâmica do turismo local. A medida, aprovada pela prefeitura de Angra dos Reis, estipula que todos os visitantes, tanto do continente quanto das 365 ilhas, deverão pagar pela sua entrada.
A responsabilidade pela implementação da taxa ficará a cargo da TurisAngra, que iniciará a cobrança no dia 1º de janeiro. Os turistas que utilizarem serviços de embarcações para acessar a ilha ou que chegarem em transatlânticos estarão entre os primeiros a arcar com essa nova despesa. As expectativas em relação ao impacto financeiro da taxa são diversas, e a população local está dividida sobre a efetividade da medida.
Objetivos da Cobrança e Reações
Segundo a administração municipal, o objetivo da taxa é gerar recursos para investimentos em áreas carentes, como saneamento e infraestrutura, especialmente na Praia do Abraão, que é a principal porta de entrada para a Ilha Grande. No entanto, os críticos da medida alertam para o risco de afastar os turistas e prejudicar o comércio e o setor de serviços locais. O diretor da Associação de Moradores da Praia do Abraão, Rodrigo Retonde, expressou preocupação com o custo adicional que famílias terão que enfrentar, o que pode levar a uma diminuição no consumo local.
A criação da Taxa de Turismo Sustentável prevê um aumento progressivo, começando com um valor de dez Ufirs (cerca de R$ 47,50) e podendo chegar até 20 Ufirs (aproximadamente R$ 95) em 2028, além de uma cobrança diária após o oitavo dia de permanência. Essa abordagem escalonada foi desenvolvida para garantir uma arrecadação sustentável, mas levanta questões sobre a gestão desses fundos e a transparência no uso dos recursos.
Avaliando o Impacto no Turismo
O debate em torno da taxa se intensifica quando se considera a experiência de outras localidades. O presidente da TurisAngra, João Willy, afirmou que muitos destinos turísticos já adotam taxas semelhantes, argumentando que a cobrança é uma prática comum em várias cidades do Brasil e do mundo. No entanto, a falta de regulamentação sobre o número de turistas que podem ser recebidos na Ilha Grande é um ponto levantado por especialistas e moradores. Alexandre Guilherme, ambientalista e residente na ilha, sugere que a taxa deveria ser simbólica e opcional, uma visão que reflete a preocupação com a preservação do ambiente e a qualidade da experiência turística.
Por sua vez, o advogado Rogério Zouein questiona a eficácia da taxa como garantidora de recursos para a preservação dos destinos turísticos, observando que, embora Fernando de Noronha aplique taxas, há uma forte regulamentação sobre a quantidade de turistas que podem visitar a ilha diariamente.
Preocupações Locais e Reações do Setor
A notícia da taxa incentivou muitos turistas a reconsiderarem seus planos de viagem. Aurélio da Silva, um jovem técnico de informática, revelou que estava planejando passar as férias na Ilha Grande, mas agora considera opções como Paraty devido aos custos acumulados, que incluem não apenas a taxa, mas também passagens e refeições, tornando o passeio menos atrativo.
Atualmente, já existem taxas turísticas em Angra, mas com valores mais baixos. Desde 2023, os visitantes pagam R$ 10,50 para chegar às ilhas em lanchas, e R$ 15,77 para desembarcar de transatlânticos. A nova taxa, a partir de 1º de janeiro, representa um aumento significativo.
Discussões Futuras e a Resposta da Comunidade
A discussão sobre a nova taxa também chegou à Alerj, onde o deputado Professor Josemar (PSOL) apresentou uma ação popular para suspender a cobrança, questionando a adequação da medida e a falta de diálogo com a comunidade local e o setor turístico. Para muitos, a nova taxa pode representar não apenas um obstáculo econômico, mas também um risco à identidade e sustentabilidade do turismo em Angra dos Reis.
Embora a intenção por trás da cobrança seja clara — melhorar a infraestrutura e os serviços locais —, a implementação e a gestão dos recursos arrecadados são aspectos que continuam a gerar descontentamento e desconfiança entre moradores e turistas. À medida que a data da implementação se aproxima, o debate em torno da taxa de turismo em Angra dos Reis está longe de ser resolvido, o que levanta a questão sobre o futuro do turismo na famosa Ilha Grande e seus arredores.

