Operação Quebra Galho: O PL em Xeque
No dia 19 de dezembro, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal encerraram o ano legislativo de 2025 com um impacto significativo: a Polícia Federal realizou buscas nas residências de dois dos principais líderes do PL, os deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do Rio de Janeiro. Este ano foi marcado por uma baixa produção legislativa, com a oposição, liderada pelo PL, travando pautas importantes e insistindo em propostas de anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023. Na volta do recesso de meio de ano, em agosto, houve um motim de 48 horas, onde o PL ocupou a Mesa Diretora da Câmara na tentativa de aprovar a anistia, que visava, entre outros, livrar o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro de possíveis condenações.
O ex-presidente foi alvo de julgamento que começou em 4 de setembro e terminou em 11 do mesmo mês, sendo condenado por quatro votos a um a 27 anos e três meses de prisão por atentados ao Estado Democrático de Direito. Embora um novo projeto de anistia, disfarçado como proposta de dosimetria penal, tenha sido aprovado na quarta-feira, 17 de dezembro, o presidente Lula já declarou que pretende vetá-lo. No mesmo dia, o STF negou os recursos apresentados pela defesa de Bolsonaro e de outros condenados, incluindo o general Augusto Heleno e Alexandre Ramagem, que fugiu para os Estados Unidos durante seu julgamento.
Além disso, o ministro-relator do caso, Alexandre de Moraes, autorizou a realização de uma cirurgia para o ex-presidente, mas negou o pedido de prisão domiciliar. Com o Judiciário entrando em recesso, a expectativa é que Bolsonaro passe o Natal de 2025 na cela da Polícia Federal em Brasília. Essa situação é um paralelo ao Natal de 2018, quando Lula estava preso na Polícia Federal em Curitiba, até sua libertação em novembro de 2019.
Reveses e Consequências para o PL
A Operação Quebra Galho, realizada na manhã de sexta-feira, foi emblemática para o PL, que enfrentou uma série de reveses nas últimas semanas. Na quinta-feira anterior, a Câmara havia cassado os mandatos dos deputados Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro, que se ausentaram do país por tempo excessivo. A manobra para evitar a perda de mandato da deputada Carla Zambelli também resultou em sua renúncia, mantendo a vaga no PL sem transferências de votos para outros partidos. Com a manutenção dos votos no PL, até mesmo o deputado Antônio Carlos Rodrigues, que enfrentava pressão para deixar a sigla, fez parte dos votos contrários à defesa dos demais colegas.
Os mandados de busca e apreensão contra Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy foram autorizados pelo ministro Flávio Dino, que investiga possíveis desvios nas emendas parlamentares. Durante as buscas na residência de Cavalcante, foram encontrados R$ 430 mil em espécie, o que gerou suspeitas sobre a origem do montante. O deputado alegou que o valor era resultado da venda de um imóvel, mas não apresentou documentação comprovando essa transação. A ausência de depósitos bancários e o fato de ter guardado tal quantia em um armário levantaram ainda mais questionamentos sobre sua legalidade.
Implicações Futuras e a Questão do Banco Master
A investigação conduzida por Flávio Dino se concentra na manipulação de emendas parlamentares, com a suspeita de que assessores de Cavalcante e Jordy estivessem envolvidos em práticas irregulares. Enquanto isso, um escândalo envolvendo o Banco Master também está em cena. A liquidação do banco, que pode acarretar rombos bilionários, está sendo acompanhada de perto pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que exigiu justificativas do Banco Central. O ministro Jhonatas de Jesus, que possui vínculos políticos consideráveis, está à frente dessa fiscalização.
À medida que o ano legislativo chega ao fim, a política brasileira se vê cercada de incertezas e controvérsias. Enquanto figuras como Jair Bolsonaro enfrentam consequências judiciais, a estabilidade do PL e de seus membros é questionada. A cidadania deve observar atentamente as movimentações políticas e se preparar para o próximo ano, onde mudanças significativas podem ocorrer nas pautas e nos protagonistas do cenário político nacional.

