Desvendando os Anúncios Enganosos nas Redes Sociais
Um recente estudo conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) analisou quase 170 mil anúncios veiculados no Facebook e Instagram, revelando que mais de 76% deles são enganosos. Dentre os mais de 6 mil anúncios analisados individualmente, cerca de 5 mil foram identificados como fraudes relacionadas à saúde. A pesquisa aponta que esses anúncios frequentemente se concentram em doenças graves ou crônicas, oferecendo tratamentos fraudulentos para condições como câncer, diabetes, emagrecimento e disfunção erétil. Surpreendentemente, em 85% dos casos, os usuários são rapidamente direcionados ao WhatsApp, onde os golpistas exercem pressão para fechar as “compras”.
“É um problema sistêmico. As redes sociais são uma plataforma escolhida por permitir anúncios segmentados e de baixo custo, alcançando diretamente o público-alvo interessado”, explica Marie Santini, pesquisadora da UFRJ.
Estratégias de Engano
Os golpistas utilizam a imagem e o nome de celebridades para conferir credibilidade às suas ofertas. O médico Drauzio Varella é o mais frequentemente citado nesses anúncios fraudulentos. Ele revelou que está processando a Meta — responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp — por permitir a circulação dessas propagandas. “Fui forçado a recorrer a um escritório de advocacia para tentar remover essas falsas propagandas. Tentamos explicar a absurdidade da situação, mas não obtivemos resposta”, relata Drauzio.
Ademais, em alguns casos, vídeos manipulados com inteligência artificial emitem sons que imitam sua voz para promover medicamentos não registrados. “Existem cursos na internet que ensinam golpistas a replicar minha voz por meio de tecnologia de IA e a criar imagens para comercializar remédios falsos”, destacou o médico.
Entre os vários nomes utilizados pelos golpistas, além do Dr. Drauzio, aparecem figuras como Susana Vieira, Simone Mendes e até o ex-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, todos entre os dez mais citados nos anúncios fraudulentos.
Consequências para a Saúde
Médicos alertam que, além das perdas financeiras, esses golpes podem colocar a saúde e a vida dos pacientes em risco. “Esse é um crime que deveria ser tratado como hediondo, pois é inaceitável que alguém lucre às custas da saúde de outros”, afirma Neuton Dornellas, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
A Resposta da Meta
De acordo com a pesquisa da UFRJ, alguns anúncios permanecem online por mais de dois anos e, mesmo após a remoção, novos anúncios semelhantes rapidamente surgem. “O anúncio, afinal, está sendo pago, não é?”, questiona a pesquisadora Marie.
Em nota, a Meta reconheceu que o número de fraudes tem aumentado e se tornado mais sofisticado, garantindo que os esforços para combatê-las estão em andamento. A empresa também afirmou estar testando tecnologias de reconhecimento facial e implementando políticas para coibir golpes, além de capacitar usuários com diversas ferramentas de segurança e alertas disponíveis em suas plataformas.
Como se Proteger contra Golpes
O Dr. Drauzio Varella faz um importante aviso: “O Código de Ética Médica proíbe que médicos façam propaganda de medicamentos.” Ele ainda ressalta: “Se você vir meu nome associado a qualquer medicamento, é mentira. Afaste-se, pois trata-se de um golpe.”
Essas fraudes não apenas lesam financeiramente as vítimas, mas também podem comprometer sua saúde. Assim, é essencial que os usuários estejam atentos e informados sobre as práticas fraudulentas que frequentemente circulam nas redes sociais.

