Preocupações com a Flexibilização de Regras
O empresariado fluminense expressa sua inquietação frente à possibilidade de mudanças nas regras que regem o Aeroporto Santos Dumont. A questão central é a elevação do teto de passageiros, uma proposta que, segundo muitos, pode ter consequências diretas na economia do estado e do país.
A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) divulgou uma nota nesta segunda-feira (22), enfatizando a importância de direcionar esforços para a criação de políticas que incentivem a melhoria da logística no Aeroporto Internacional do Galeão. A entidade ressalta que o Galeão ainda possui espaço para crescer e que a prioridade deve ser a inclusão de novos voos, a fim de garantir um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico local.
“É crucial que haja um aeroporto internacional forte e moderno no estado, pois isso torna o Rio de Janeiro mais atrativo para viver, trabalhar e investir”, afirmou a Firjan.
Limitações e Propostas em Debate
Desde 2023, o Santos Dumont tem um limite fixado em 6,5 milhões de passageiros por ano. A proposta em discussão visa aumentar esse teto, algo que a ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro) se opõe, alegando que a concentração excessiva de voos no Santos Dumont prejudica o Galeão, reduzindo suas rotas internacionais e debilitando a conectividade global do Rio.
“A experiência recente já deixou claro que essa hiperconcentração no Santos Dumont resulta em consequências negativas. Ao esvaziar o Galeão, não fortalecemos nosso sistema aeroportuário, mas sim tornamos ele mais vulnerável”, destacou a associação.
Estatísticas da Firjan, com base em dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mostram que, entre janeiro e outubro de 2023, a movimentação de passageiros no estado cresceu 21,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O transporte de cargas também apresentou um aumento significativo de 46,3%.
A Retomada da Conectividade Aérea
Esses números superam as médias nacionais, que foram de 12,1% para passageiros e 13,1% para cargas. “A recuperação da conectividade internacional no Galeão, que se especializa em voos de longa distância, é um reflexo da reconfiguração do tráfego aéreo, estabelecendo o Rio de Janeiro como uma porta de entrada essencial no Brasil”, ressaltou a Firjan.
A Gol Linhas Aéreas apoia a manutenção do modelo atual, considerando-o um sucesso. A companhia acredita que essa abordagem é a correta, resultando em um aumento histórico na oferta de assentos na região, tanto para voos nacionais quanto internacionais.
“Desde a implementação da nova política, temos observado um crescimento constante, alcançando 240 operações”, afirmou a Gol. A companhia também destacou que, nas discussões recentes sobre possíveis mudanças, reafirma seu compromisso com a atual estrutura, que garante equilíbrio e opções para os passageiros, reforçando a relevância do Rio de Janeiro como um hub no transporte aéreo do Brasil.
Reações e Declarações do Prefeito
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), utilizou suas redes sociais para criticar o que chamou de “forças ocultas” dentro da Anac que estariam buscando alterar as regras de operação do Santos Dumont. Ele mencionou um despacho da agência convocando as companhias aéreas para uma reunião a respeito da possível flexibilização das normas atuais.
Segundo Paes, coordenar o sistema aeroportuário da cidade é vital para fortalecer o Aeroporto Internacional do Galeão, uma medida que considera essencial para o progresso do Rio de Janeiro e do Brasil.
A ACRJ também manifestou que ampliar desmedidamente as operações no Santos Dumont pode sobrecarregar uma infraestrutura que já opera em seus limites máximos.
A Limitação como Estratégia de Segurança
A Fecomércio-RJ (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro) ressaltou que as restrições atuais no Santos Dumont se mostraram eficazes para garantir a segurança e eficiência nas operações, além de mitigar impactos urbanos e assegurar o equilíbrio com o Galeão, que é fundamental para a conectividade nacional e internacional do estado.
“Flexibilizar as regras vigentes pode comprometer a integridade das políticas públicas estabelecidas, enfraquecendo o planejamento do setor e gerando insegurança regulatória, especialmente em um momento crítico para novos investimentos e expansão da malha aérea”, alertou a federação.
A Anac, por sua vez, manifestou surpresa em relação à postagem do prefeito, negando qualquer insinuação de ações obscuras ou a existência de “forças ocultas”. A agência reafirmou que todos os seus procedimentos são realizados de maneira transparente e documentada, confirmando seu compromisso com a clareza e a legalidade em suas decisões.

