Impactos do Novo Salário Mínimo na Economia Brasileira
A partir de 1º de janeiro de 2024, o novo salário mínimo, estabelecido em R$ 1.621, deve gerar um impacto significativo de R$ 81,7 bilhões na economia, segundo estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Este valor considera os efeitos diretos sobre a renda, consumo e arrecadação, mesmo em um cenário de rigor fiscal.
De acordo com o Dieese, aproximadamente 61,9 milhões de brasileiros terão seus rendimentos ajustados em função do novo piso salarial. Este total inclui 29,3 milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 17,7 milhões de trabalhadores empregados, 10,7 milhões de autônomos, 3,9 milhões de empregados domésticos e 383 mil empregadores.
Aumento nas Despesas da Previdência e seus Efeitos
O novo salário mínimo representa um reajuste nominal de 6,79% em comparação ao mínimo anterior, conforme as diretrizes da política de valorização do salário estabelecida pelo governo. Entretanto, esse aumento também traz implicações diretas nas contas públicas, particularmente nas despesas da Previdência Social. O Dieese projetou um aumento de R$ 39,1 bilhões nas despesas previdenciárias até 2026.
O impacto financeiro é substancioso: a cada R$ 1 de aumento no salário mínimo, estima-se um custo adicional de R$ 380,5 milhões. Isso significa que 46% das despesas da Previdência são diretamente influenciadas pelo reajuste, e cerca de 70,8% dos beneficiários da Previdência recebem benefícios vinculados ao salário mínimo.
Desafios para o Governo na Gestão Fiscal
O governo enfrentará o desafio de equilibrar os benefícios do aumento salarial com o controle de despesas obrigatórias, em um momento em que busca cumprir suas metas fiscais. A implementação do novo salário mínimo poderá estimular o consumo e, consequentemente, a arrecadação tributária, mas poderá também pressionar o orçamento público.
Cálculo do Reajuste e o Novo Arcabouço Fiscal
O cálculo do novo salário mínimo se baseia na Lei 14.663, aprovada em agosto de 2023, que estabelece um reajuste anual fundamentado em dois principais componentes: a variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior e o crescimento do PIB de dois anos anteriores.
Contudo, o reajuste para 2026 será moderado por um novo arcabouço fiscal, estabelecido pela Lei Complementar 200/2023, que impõe limites ao crescimento real das despesas da União. Para o cálculo deste reajuste, será considerada na íntegra a inflação medida pelo INPC, que foi de 4,18% entre dezembro do ano passado e novembro deste ano. Por outro lado, o crescimento do PIB, que seria de 3,4%, será restringido a apenas 2,5%, o que limita o aumento nominal do salário mínimo em R$ 103.
Portanto, em um cenário de incertezas econômicas, o novo salário mínimo, embora promissor em termos de injeção de recursos na economia, traz à tona questões complexas sobre a sustentabilidade das contas públicas e a capacidade do governo em gerenciar essas mudanças com responsabilidade.

