Decisão do TCE-RJ e suas Consequências
O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) comunicou, em decisão individual, a ex-prefeita de Araruama, Lívia de Chiquinho (PODE), sobre a recomendação negativa à aprovação das suas contas referentes ao exercício de 2023. Essa decisão, que pode acarretar em consequências graves para sua carreira política, foi respaldada por um relatório da unidade de auditoria e do Ministério Público de Contas.
O parecer prévio contrariado do TCE-RJ se fundamenta em uma análise detalhada realizada pela Coordenadoria Setorial de Contas de Governo Municipal, que identificou diversas falhas na gestão dos recursos públicos. Entre os principais problemas, destaca-se a abertura de créditos adicionais baseada em um suposto excesso de arrecadação, sem a devida comprovação, o que contraria o artigo 167 da Constituição Federal. Além disso, a auditoria detectou um desequilíbrio financeiro, com a inscrição de despesas em restos a pagar sem a correspondente disponibilidade de caixa, infringindo a Lei de Responsabilidade Fiscal.
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Irregularidades em Setores Cruciais
Outro ponto crítico levantado pelo TCE-RJ diz respeito à aplicação de recursos nas áreas de saúde e educação. A falta de saldo suficiente para cobrir despesas obrigatórias caracteriza um descumprimento de exigências legais, o que pode gerar problemas ainda mais graves para a administração municipal. O relatório também traz à tona divergências entre o orçamento final e os balanços oficiais, além de inconsistências entre o sistema fiscal e a contabilidade do município.
As metas fiscais previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias também foram criticadas, uma vez que a avaliação dessas metas não ocorreu no prazo estipulado, comprometendo assim a transparência das informações financeiras. O documento ainda aponta para um desequilíbrio financeiro nos fundos do Regime Próprio de Previdência Social dos servidores municipais, uma questão que pode impactar diretamente os trabalhadores da área.
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Recomendações do Ministério Público de Contas
O Ministério Público de Contas acompanhou a análise da unidade técnica do TCE-RJ e, consequentemente, também recomendou a rejeição do parecer prévio. A maioria das irregularidades identificadas foram corroboradas pelo Ministério Público, evidenciando uma ampla gama de problemas na gestão das contas da ex-prefeita. De acordo com o Regimento Interno do TCE-RJ, o julgamento das contas foi retirado de pauta e agendado para o próximo dia 6 de agosto.
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Embora o parecer do TCE-RJ não tenha efeito vinculativo imediato, ele serve como uma base sólida para a deliberação da Câmara Municipal. Caso o Tribunal mantenha sua recomendação de rejeição das contas, a aprovação só poderá ocorrer com um voto favorável de pelo menos dois terços dos vereadores — um desafio considerável, dado o cenário apresentado.
O desfecho dessa situação não apenas afetará a carreira política de Lívia de Chiquinho, mas também poderá trazer repercussões significativas para a administração pública de Araruama e para os cidadãos locais que dependem de serviços essenciais. A situação é um lembrete importante sobre a responsabilidade na gestão financeira pública e a necessidade de transparência nas contas governamentais.