Pesquisa Nacional em Saúde Mental nas Universidades
Em uma iniciativa inovadora, o Brasil deu início em 2025 ao seu primeiro Estudo Nacional de Saúde Mental nas Universidades (Enasam-U). Neste mês, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), localizada na região sul, se destaca como um dos pontos de coleta dessa pesquisa abrangente. O estudo, que abrange estudantes e servidores de 50 universidades públicas em todo o país, tem como lema ‘Por uma comunidade acadêmica saudável’ e visa mapear os desafios enfrentados na área da saúde mental.
A pesquisa busca entender os efeitos e dificuldades relacionados à saúde mental que impactam a vivência universitária, com o objetivo de promover um ambiente mais acolhedor, inclusivo e produtivo. Para isso, os pesquisadores planejam coletar informações em duas etapas: a primeira consiste no envio de um questionário online aos participantes, que serão selecionados por sorteio aleatório; a segunda envolve entrevistas diagnósticas por telessaúde para uma avaliação mais aprofundada da saúde mental dos envolvidos.
Coordenação e Importância do Estudo
O estudo é coordenado pelo pró-reitor de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Flávio Kapczinski. Ele ressalta a relevância de se entender a realidade da saúde mental nas universidades brasileiras. “Conhecer esse cenário nos permitirá ter um panorama representativo da realidade brasileira, o que certamente apoiará no redirecionamento de políticas públicas no campo da Saúde Mental, em âmbito regional e nacional”, afirma Kapczinski.
Essa pesquisa conta com o suporte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é realizada em parceria com a UFRGS e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na região sul, foram selecionadas dez universidades que representarão a diversidade da comunidade acadêmica, entre elas a UFRGS, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), e a própria UFSM.
Cobertura Nacional e Procedimentos Éticos
Com uma abrangência que se estende a 50 universidades públicas em todo o Brasil, a pesquisa espera contar com a participação de aproximadamente 15 mil voluntários. Todos os procedimentos do estudo seguem rigorosos critérios éticos, garantindo a privacidade e a confidencialidade dos participantes. As atividades da pesquisa só terão início após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa de cada instituição envolvida.
A Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam)
Para facilitar a implementação e o rastreamento do estudo em todo o território nacional, foi criada a Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam). Essa rede desempenha um papel fundamental na articulação de grupos de pesquisa para promover o desenvolvimento e a inovação na área da Saúde Mental. Além disso, a Renasam busca conduzir estudos pioneiros e disseminar informações atualizadas, contribuindo para a conscientização sobre a saúde mental e para a desmistificação do estigma associado a esses problemas.
Fundada em maio de 2024, a Renasam reúne 50 pesquisadores das diversas macrorregiões do Brasil. Nos próximos dois anos, além do Enasam-U, a rede também realizará o Enasam, que será pioneiro na avaliação da frequência de diagnósticos de saúde mental em todo o país. Este segundo estudo incluirá a realização de oito mil entrevistas de triagem presencial em domicílios selecionados aleatoriamente, seguidas por entrevistas online em uma amostra aleatória dos participantes da triagem.