Denúncias da Polícia Federal Revelam Conluio entre Política e Criminalidade
A Polícia Federal (PF) denunciou, em uma representação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a existência de um “verdadeiro estado paralelo” no Rio de Janeiro. Essa estrutura, conforme a PF, é liderada por “capos da política fluminense” que estão envolvidos em vazamentos de informações privilegiadas, prejudicando o sucesso de operações contra facções criminosas, notadamente o Comando Vermelho (CV).
Na representação, datada de 11 de dezembro, a PF solicitou ao ministro Alexandre de Moraes a prisão preventiva do desembargador Macário Ramos Judice Neto, integrante do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). O magistrado foi detido na manhã de terça-feira, 16 de dezembro.
Juntamente com o desembargador, o deputado federal afastado Rodrigo Bacellar (União), que já ocupou a presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), está sob investigação. Ambos são suspeitos de terem vazado informações sigilosas relacionadas ao ex-deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira Santos, conhecido como TH Joias, supostamente vinculado ao CV.
Os delegados Guilhermo Catramby e Bernard Zenaide, que assinam a representação, afirmam que o desembargador teria oferecido ao CV a proteção necessária para que seus membros políticos não fossem alvo de ações efetivas da PF. “A revelação dessa movimentação expõe uma intrincada teia de relações e interações obscuras que permeiam os órgãos estatais”, destacam os delegados em seu relato.
Segundo o documento, todos esses indícios revelam a formação de um estado paralelo que, sob a liderança de figuras políticas influentes, tem vazado informações que inviabilizam operações policiais significativas contra organizações criminosas, como o Comando Vermelho. “Essas ações comprometem o sucesso das operações contra facções criminosas violentas”, ressalta a representação.
Os delegados também alertam que a conduta do desembargador compromete a imagem do Poder Judiciário, ligando-o diretamente à criminalidade violenta do Rio de Janeiro e, por consequência, minando a credibilidade do sistema de Justiça.
Em defesa de Macário Ramos, o advogado Fernando Augusto Fernandes declarou que Moraes foi “induzido a erro ao determinar a medida extrema”. O advogado ressalta que não foi fornecida uma cópia da decisão que resultou na prisão, o que, segundo ele, impede o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Fernandes afirma que a defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá a soltura imediata do desembargador.
Os advogados Daniel Bialski e Roberto Podval, que representam Bacellar, também se manifestaram. Em nota, afirmaram que o deputado sempre se colocou à disposição para esclarecer sua inocência em relação aos fatos noticiados e que está colaborando com as investigações. “A defesa reforça que o deputado não atuou de forma alguma para obstruir qualquer investigação, direta ou indiretamente, e essa verdade será demonstrada”, garantem.

