A Nova Forma de Turistar no Rio de Janeiro
Com a chegada do verão, que começa neste domingo com temperaturas elevadas e sol radiante, o Rio de Janeiro se prepara para receber um número crescente de turistas. A cidade, famosa por suas paisagens deslumbrantes, agora atrai visitantes que buscam experiências mais autênticas, trocando roteiros clássicos por vivências locais.
Alfonso, um turista que se apaixonou pela cidade desde sua primeira visita em 2012, expressa seu desejo de conhecer melhor a cultura carioca: “Quero comer comida caseira, jogar tênis na praia e fazer amizades. O calor humano aqui é incrível”, diz ele, enquanto recorda momentos na Feira do Lido, em Copacabana, onde teve a oportunidade de experimentar a seriguela e interagir com os feirantes.
No local, ele fez uma comparação com sua terra natal, a Itália: “Em Nápoles, o jeito de ser é parecido. As pessoas conversam e são calorosas, assim como os cariocas. Por isso, me sinto em casa aqui”, acrescenta.
O Crescimento do Turismo Local
Em Ipanema, Diogo Araújo, comerciante da região, notou um aumento na presença de estrangeiros em suas feiras, atendendo clientes de diversas nacionalidades, como americanos e franceses. “Pratico todo dia. Eles vêm provar frutas diferentes e interagir”, diz o poliglota Diogo, que se adapta facilmente ao inglês e a outros idiomas para atender a demanda.
Essa nova abordagem de turismo, que prioriza o contato direto com a cultura local, é uma tendência crescente em várias partes do mundo, e no Rio não é diferente. Aplicativos como o Couchsurfing facilitam conexões entre viajantes e moradores, promovendo a troca de experiências e a possibilidade de hospedagem gratuita.
Os usuários da plataforma criam perfis detalhados, onde podem compartilhar fotos e experiências, além de avaliarem uns aos outros ao final da estadia, o que gera um ambiente de confiança e comunidade.
Experiências Transformadoras
No ano passado, um grupo de turistas espanhóis se hospedou na casa de Sandro Silvestre, um montanhista local, em São Cristóvão, na Zona Norte. “Eles tiraram fotos em lugares icônicos do bairro e até cozinharam comigo. Foi uma maneira divertida de mostrar a cidade além dos pontos turísticos tradicionais”, lembra Sandro, que atualmente também está recebendo um visitante da Costa Rica.
Milena Soares, carioca com 11 anos de experiência no Couchsurfing, já hospedou cerca de dez visitantes. Para ela, abrigar um estranho em casa é uma forma enriquecedora de aprender sobre diferentes culturas sem sair do lugar: “Cada hóspede traz uma história única, e eles vivenciam a rotina carioca de uma maneira que não teriam com um roteiro comum”, explica.
Wallace Calixto, funcionário público, também compartilha sua experiência. Recentemente, ele hospedou um jamaicano que desafiou suas percepções sobre a cultura da ilha. “Foi uma troca cultural importante. A cada visita, uma nova surpresa”, afirma Wallace.
Um Marco no Turismo Carioca
De acordo com o Observatório do Turismo Carioca, este ano o Rio de Janeiro ultrapassou a marca de dois milhões de turistas internacionais. A secretária de Turismo, Daniela Maia, atribui esse crescimento à hospitalidade carioca: “Cada visitante experimenta a energia vibrante da cidade, sua cultura rica e a gastronomia que só o Rio pode oferecer”, destaca.
Ainda segundo dados da Embratur, o Brasil como um todo atingiu recordes em 2025, com nove milhões de visitantes estrangeiros. “O mundo está redescobrindo o Brasil, não apenas pelos cartões-postais, mas pela diversidade cultural e experiências autênticas que oferecemos”, afirma Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
O Rio na Perspectiva do Viajante
Harvey Morgan, um nômade digital inglês, está explorando o Rio há semanas. Recentemente, ele viveu a experiência de assistir a um jogo do Flamengo com novos amigos: “Fui ao Museu do Amanhã e depois ver o jogo. Fiquei desapontado com a derrota, mas a experiência foi ótima”, compartilha.
Vanessa Little, organizadora de encontros entre turistas e moradores, acredita que essa busca por experiências autênticas está ligada ao impacto das redes sociais. “Perfis têm mostrado o Rio real, além dos padrões turísticos, e isso atrai pessoas que querem vivências verdadeiras”, observa.
Ela compartilha uma de suas experiências: “Uma vez, levei um ucraniano a uma festa gratuita no Museu do Amanhã. Ele ficou maravilhado. Essas vivências são exclusivas e enriquecem tanto os visitantes quanto nós, cariocas”.
Assim, a troca de experiências entre turistas e moradores se torna uma forma de conectar culturas, promovendo uma nova maneira de vivenciar o Rio de Janeiro, que vai muito além do convencional.

