A Magia do Natal Ganha Vida com ‘Caminho da Estrela’
A Estrela de Belém brilha novamente, trazendo à mente lembranças e histórias que nos conectam ao nascimento do menino Jesus. No Museu de Cultura Popular, parte do Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a exposição ‘Caminho da Estrela’ celebra essa tradição com mais de 60 presépios, cada um refletindo um pedaço da rica tapeçaria cultural que envolve o Natal. A mostra, que estará em cartaz até o dia 9 de janeiro de 2026, revela a diversidade de representações natalinas, unindo fé e arte em um só lugar.
Chegando à sua 37ª edição, a exposição se destaca por sua variedade de materiais, desde os tradicionais presépios em cerâmica e madeira até criações inusitadas feitas de rocha vulcânica e massa de pão. Cada peça possui um significado profundo, evocando elementos como a humilde estrebaria em Belém, a Sagrada Família, a presença dos Reis Magos, pastores e outros ícones da história sagrada. Além disso, presépios confeccionados com palha de bananeira, sementes e bolinhas de gude também fazem parte desta coletânea encantadora.
Outro aspecto que impressiona é a procedência das obras disponíveis para apreciação. Vindo de locais distintos do Brasil e do exterior, esses presépios demostram como a figura de Jesus Cristo ressoa em diversas culturas e religiões. Os visitantes poderão admirar criações provenientes de cidades como Juiz de Fora (MG), Belo Horizonte (MG), Caruaru (PE), São Paulo (SP), além de obras de países como Bolívia, Itália, e Polônia. Essa diversidade enriquece ainda mais a experiência de quem visita a exposição.
Uma Tradição que Atravessa Séculos
A tradição de montar presépios remonta a 1223, quando Francisco de Assis ousou recriar a cena do nascimento de Jesus em uma gruta na Itália. Com a autorização do Papa, ele criou o primeiro presépio, que ao longo dos séculos se consolidou como uma prática sagrada e popular, fortemente ligada à arte sacra. A exposição no Forum da Cultura permite que essa tradição continue viva, refletindo a devoção e a habilidade artesanal de artistas de todas as partes do mundo.
Um dos destaques da mostra é o presépio da artista Elisete Silva, originário de Nova Era (MG), que utiliza dormentes de trem como material para criar os personagens. A rusticidade do trabalho é evidente e proporciona uma perspectiva única sobre o tema natalino. Já o presépio indígena de Roraima apresenta figuras com características locais e reflete a integração de culturas, mostrando que a essência do Natal pode se manifestar de diversas formas.
De acordo com Franciane Lúcia, conservadora e restauradora de bens culturais do Forum da Cultura, a exposição resgata a cultura popular e a fé dos indivíduos em um formato tocante. “A mostra de presépios carrega significados especiais para a comunidade juiz-forana, ressaltando a beleza do artesanato e o sentido de renovação que permeia esta época do ano. É, sem dúvida, uma das exposições mais esperadas”, afirma. Com a variedade de tamanhos, formatos e materiais, a exposição também ilustra a criatividade dos artesãos, cada um trazendo suas interpretações singulares.
Um Encontro de Culturas no Museu de Cultura Popular
Desde 1988, a mostra de presépios ocupa um lugar especial no calendário natalino de Juiz de Fora. Idealizada pelo professor Antônio Weitzel, ela se tornou um ponto de reencontro para aqueles que apreciam a arte e a tradição. O evento não apenas encanta novos visitantes, mas também mantém viva a memória afetiva dos que retornam ano após ano.
A prática de montar presépios, embora enraizada na tradição católica, atrai pessoas de diferentes crenças e origens. É comum ver presépios em diversos ambientes, como museus, igrejas e residências, cada um refletindo a cultura e estilo de vida de suas comunidades. Esses conjuntos representam não apenas uma tradição, mas também um meio de expressão artística que perpetua valores como fé, esperança e união.
O Museu de Cultura Popular, que abriga a exposição, possui um acervo com mais de 3.000 peças, permitindo aos visitantes uma imersão nas ricas expressões da cultura popular. Desde objetos de arte sacra até artefatos indígenas, o espaço propicia um verdadeiro intercâmbio cultural, estimulando a curiosidade e a valorização das tradições de diferentes povos.
Instalado em um casarão histórico, o Forum da Cultura é o espaço mais antigo da UFJF e, ao longo de mais de cinco décadas, tem sido palco de diversas manifestações artísticas, promovendo a inclusão e a divulgação das obras de artistas, tanto iniciantes quanto consagrados.

