Um Mergulho na Diversidade Cultural
Desde 1988, a exposição ‘Caminho da Estrela’, que acontece no Forum da Cultura de Juiz de Fora, se destaca por sua proposta inovadora e envolvente. Com mais de 60 presépios em exibição, a mostra traz à tona a rica diversidade de expressões artísticas e culturais, onde cada obra conta uma história única sobre o nascimento de Jesus.
Os presépios expostos são feitos a partir de materiais inusitados, como bolinhas de gude, massa de pão, conchas, palha de milho e até caixas de fósforos. Essa variedade não apenas impressiona pela criatividade, mas também pela forma como cada artista se conecta com suas raízes e cultura local.
Artistas e Suas Criações
A 37ª edição da exposição envolve artistas de várias cidades brasileiras, incluindo Divinópolis, Piúma, no Espírito Santo, e Rio Negro, no Paraná, além de talentos de países como Bolívia, Equador, Itália, Peru e Polônia. Essa junção de diferentes realidades culturais e sociais proporciona uma visão ampla e rica do que a arte pode representar. A mostra ‘Caminho da Estrela’ permanecerá em cartaz até 9 de janeiro de 2026, com visitações gratuitas durante a semana, das 10h às 19h, na Rua Santo Antônio, 1112, Centro de Juiz de Fora.
Peças que Encantam
Entre as peças que mais chamam a atenção, destaca-se o presépio de bolinhas de gude, criado pelo artista Cícero Campos, natural de Divinópolis. Este presépio não apenas é uma obra de arte, mas também um símbolo familiar, já que Cícero fez o primeiro presépio para agradar sua esposa, que ficou tão encantada que ele decidiu criar um segundo para a família. Atualmente, apenas dois desses presépios existem, sendo um deles parte do acervo do Museu de Cultura Popular da UFJF.
Outro destaque é o presépio de massa de pão, que representa a conexão entre o nascimento de Jesus e a cidade de Belém, conhecida como “casa do pão”. O autor, cuja origem é do Equador, utiliza uma técnica artesanal que garante a durabilidade do presépio, refletindo a importância simbólica do alimento na cultura cristã.
Explorando a Identidade Local
A relação entre fé e natureza também é evidente no presépio confeccionado com conchas, criado por Nelcineia Bayerl Taylor, uma artista de Piúma. Este presépio traduz a identidade cultural da região, que é conhecida por sua produção artesanal em conchas. A cidade abriga cerca de 200 famílias que dependem dessa tradição para seu sustento, evidenciando a importância do artesanato na economia local.
Além disso, a delicadeza do presépio feito com palha de milho, produzido por Doralice Horn, reflete uma conexão profunda com a natureza e o artesanato familiar. Doralice utiliza materiais como musgos e flores desidratadas, dando vida a uma obra que data dos anos 1970 e que representa uma tradição familiar que foi passada de geração em geração.
A Arte como Porta de Entrada para Histórias
Por fim, o presépio em caixa de fósforo, originário da Bolívia, impressiona pela riqueza de detalhes, apesar de seu tamanho reduzido. Este retábulo é um exemplo da tradição andina, onde pequenos oratórios retratam cenas religiosas e cotidianas, oferecendo um vislumbre da vida e das crenças de uma cultura rica e fascinante.
A exposição ‘Caminho da Estrela’ é, sem dúvida, um convite para refletir sobre a diversidade cultural e as histórias que os presépios podem contar. Cada peça, com sua singularidade, nos aproxima das tradições e valores que formam nossa identidade coletiva.

