Operação Contenção em Ação
A Polícia Civil do Rio de Janeiro lançou a Operação Contenção, que visa desmantelar um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro operado pelos líderes do Comando Vermelho, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, e Carlos da Costa Neves, o Gardernal. Ambos são acusados de movimentar e ocultar recursos ilícitos da facção criminosa em diversas localidades.
As investigações são conduzidas por agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), com o suporte da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A operação abrange não apenas a capital fluminense, mas também regiões da Baixada Fluminense, além de municípios como Silva Jardim, em Minas Gerais, e Pontes e Lacerda, no Mato Grosso.
Participam da ação equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), bem como agentes da Polícia Civil de Minas Gerais e Mato Grosso. A colaboração com o Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra) foi essencial para a solidez das evidências coletadas.
A Complexidade do Esquema
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As investigações demonstram que a operação do Comando Vermelho vai além do tráfico de drogas, revelando um complexo sistema de lavagem de dinheiro que possibilita a recepção, ocultação e reintegração de valores ilícitos ao sistema financeiro. O objetivo é desmantelar esse fluxo financeiro, que sustenta a compra de drogas, armas e a manutenção do domínio territorial da facção.
Com um impacto direto na estrutura financeira da organização criminosa, a operação busca colapsar a capacidade do grupo de se sustentar. Doca e Gardernal são apontados como articuladores principais do esquema, que envolve tanto indivíduos quanto empresas como alvos estratégicos nas buscas realizadas.
Fundamental para a operação, o nome de Wenceslau Batista Oliveira Neto surge como uma figura central. Ele é responsável por receber e movimentar quantias expressivas, utilizando tanto contas bancárias pessoais quanto empresariais. As investigações revelam que ele emprega empresas de fachada e conta com a colaboração de operadores do Relatório de Inteligência Financeira (RIFs) para camuflar as movimentações.
Rastreamento e Bloqueio de Bens
Os dados coletados indicam que as movimentações financeiras realizadas pelo esquema eram incompatíveis com a renda declarada dos envolvidos, sugerindo enriquecimento ilícito. As quantias eram frequentemente transferidas entre contas, diluindo a origem e dificultando o rastreamento.
Além das transferências, o esquema contava com mulas financeiras que realizavam depósitos em dinheiro vivo, sempre em quantias menores para evitar suspeitas. Essa prática é reconhecida como lavagem de dinheiro e objetiva reintegrar os valores ao sistema financeiro sem levantar suspeitas.
A investigação tomou como base o caminho do dinheiro, evidenciando que, enquanto a criminalidade se manifesta nas comunidades sob domínio da facção, os recursos financeiros são enviados para contas específicas. Essas contas servem como centros de concentração e redistribuição dos valores, sustentando toda a estrutura criminosa.
Impacto da Operação e Medidas Judiciais
Pontes e Lacerda, no Mato Grosso, se destacou como um ponto crucial para a movimentação financeira do Comando Vermelho, funcionando como um hub para recebimento e redistribuição de recursos ilícitos, longe das visibilidades associadas ao tráfico.
Com base nas provas reunidas, a Polícia Civil solicitou judicialmente o bloqueio de aproximadamente R$ 600 milhões, correspondente às movimentações financeiras suspeitas verificadas nos últimos dois anos. Isso inclui a apreensão de contas bancárias, tanto pessoais quanto empresariais, e a identificação de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema.
Além do bloqueio financeiro, a operação resultou no sequestro de bens móveis e imóveis, incluindo uma propriedade rural no Mato Grosso, que se mostrava incompatível com a renda dos suspeitos. Essa ação visa impedir a ocultação patrimonial e fortalecer os esforços de responsabilização penal.
A Operação Contenção cumpre mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os alvos da operação incluem não apenas documentos e mídias digitais, mas também veículos e outros elementos probatórios, aprofundando assim a investigação financeira em andamento.
Esta ofensiva estratégica do Governo do Estado busca deter o avanço territorial do Comando Vermelho, visando desarticular sua estrutura financeira, logística e operacional. Desde o início da operação, mais de 250 pessoas foram capturadas e outros 136 criminosos neutralizados em confrontos. A polícia também apreendeu cerca de 460 armas, entre elas 189 fuzis, e mais de 50 mil munições, uma clara demonstração do compromisso das autoridades em combater a criminalidade organizada no estado.

