Início das Obras e Expectativas para o Futuro
A tão aguardada reforma do teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb, localizado em Cabo Frio, finalmente teve seu início esta semana, após ser anunciada em janeiro deste ano. Desde 2017, o prédio está fechado, gerando expectativa entre os cidadãos. Em fevereiro, Carlos Ernesto Lopes, conhecido como Carlão, secretário de cultura, confirmou à Folha que as intervenções seriam realizadas pelo Governo do Estado. No entanto, a previsão inicial de reabertura para o início deste segundo semestre foi alterada, e agora, espera-se que o espaço cultural volte a funcionar apenas no final do ano. O retorno das obras ocorre às vésperas da celebração dos 28 anos de fundação do teatro, que foi inaugurado em 14 de agosto de 1997.
Segundo informações do governo municipal, o investimento na reforma se concentrará em uma abordagem “de dentro para fora”, com foco nas instalações elétricas e hidráulicas. O prefeito Serginho Azevedo destacou que este projeto vai além de uma simples reforma física: “É a reconstrução de um espaço de sonhos, de formação, de encontros e de identidade.” Ele enfatizou que o teatro municipal será um palco para grandes espetáculos e também atuará como um espaço educativo, cumprindo uma contrapartida imposta pelo governo estadual. “Será um local para aprender, criar e formar novos talentos, onde artistas e plateia poderão sorrir juntos”, comentou Azevedo.
Investimentos e Desafios Estruturais
As despesas da obra serão custeadas pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, em parceria com a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), que não divulgou os valores exatos do investimento. O Termo de Cooperação Técnica entre a prefeitura de Cabo Frio e a entidade estadual foi assinado em fevereiro. Antes disso, a Prefeitura havia organizado um relatório detalhando as demandas estruturais do teatro, com a supervisão do secretário de cultura e de uma engenheira da Secretaria de Planejamento, que foi apresentado ao governo do estado. Durante esse levantamento, já haviam sido identificados problemas críticos, como a ausência de fiação na iluminação, a deterioração dos ar-condicionados e infiltrações na caixa cênica, que foram condenadas pelo Corpo de Bombeiros. “Até mesmo o paliativo que foi feito sob as arquibancadas se perdeu”, lamentou Carlão.
A importância do teatro para a cultura local é inegável. “O teatro abrange diversas expressões artísticas, tais como música, dança e poesia. Manter essa casa fechada por sete anos foi um grande prejuízo para o movimento cultural de Cabo Frio. Contudo, estamos iniciando um novo capítulo, e em breve todos poderão vivenciar esse momento histórico”, afirmou Carlão. Ele também anunciou que a área ao redor do teatro receberá um gradil, que visa aumentar a segurança do patrimônio público.
Uma História de Espera e Desafios Administrativos
O início das obras representa apenas mais um episódio de uma longa e complicada trajetória que se estende por anos. Em novembro de 2018, mesmo com o teatro interditado, houve uma breve reabertura para pequenas apresentações no foyer. Naquela época, a Prefeitura informou que o restante do edifício permaneceria fechado, aguardando a aprovação do projeto de reforma pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro para que a licitação fosse autorizada. As melhorias planejadas visavam atender às exigências do Corpo de Bombeiros de Cabo Frio (18º GBM) e incluíam a instalação de novas portas de emergência, troca do piso da plateia por material não inflamável, sinalização luminosa nas escadas, ampliação das portas de emergência existentes e substituição dos extintores. A expectativa era que esse processo durasse cerca de dois meses, mas a realidade se estendeu por sete anos.
Em fevereiro de 2019, o governo municipal lançou o edital de Convite nº 003/2019, com um orçamento estimado de R$ 166.157,68, para a realização de reparos e adequações contra incêndios. O processo de regularização do Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico levou de 2019 até 2023, encerrando sem a liberação do Corpo de Bombeiros, em virtude de diversas pendências.
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Entre os empecilhos que impediram a reabertura do espaço, em 2021, esteve a ausência de energia elétrica. O governo local informou que esta situação foi resolvida mediante um acordo com a Enel, onde a Prefeitura se comprometeu a quitar em 36 parcelas uma dívida acumulada de R$ 25.637.166,16 referente ao fornecimento de energia elétrica em vários prédios públicos, entre março de 2003 e dezembro de 2020. Apesar dessas medidas, o teatro permaneceu fechado.
Em dezembro de 2022, a Prefeitura anunciou a dispensa de licitação para contratar uma empresa especializada na elaboração do projeto executivo da reforma, que abrange estrutura, elétrica, sonorização, iluminação e sonoplastia. O contrato original, avaliado em R$ 29.500,00, foi celebrado com a empresa Making a Shield Stone Construções e publicado em 27 de dezembro de 2022.