Evento Reúne Especialistas para Abordar o Controle do Câncer
No Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado na última quinta-feira (27 de novembro), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou a importância de implementar políticas de prevenção, ampliar o acesso a novas tecnologias e fortalecer a cooperação internacional no enfrentamento da doença. O ministro participou virtualmente da abertura do seminário ‘Controle do Câncer no Século 21: Desafios Globais e Soluções Locais’, promovido pelo Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O evento se estenderá até esta sexta-feira (28 de novembro), quando Padilha estará presente para o encerramento.
Padilha destacou que o impacto epidemiológico do câncer é um fenômeno global, e não é uma questão restrita apenas aos países desenvolvidos do hemisfério Norte. Ele ressaltou: ‘Precisamos nos mobilizar intensamente nessa agenda global, enfrentando dois desafios que exigem colaboração internacional. O primeiro diz respeito ao acesso a novas tecnologias, que podem aumentar as desigualdades, pois muitos países ainda lutam para incorporá-las. O segundo é o combate a produtos prejudiciais à saúde, diretamente relacionados ao câncer, como o tabagismo, o consumo de alimentos ultraprocessados e a obesidade.’
Objetivos do Seminário e Importância da Discussão
José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde e um dos coordenadores do seminário, explicou os objetivos do evento. Ele mencionou a intenção de trazer novas perspectivas sobre o câncer e citou alguns dos principais temas que serão abordados ao longo dos dois dias. ‘O programa reflete nossa missão de aprimorar a Política Nacional de Prevenção e Controle ao Câncer e de informar a sociedade sobre temas relevantes. O intuito é quebrar barreiras, fomentar o diálogo e integrar diferentes visões sobre essa questão,’ afirmou.
Roberto Gil, diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), alertou que o câncer deverá se tornar a principal causa de mortalidade no Brasil em futuro próximo. Ele apontou fatores como o envelhecimento da população e a resistência a mudanças de hábitos que aumentam os riscos. Gil elogiou Luiz Antonio Santini, ex-diretor do Inca e coordenador do seminário, pela proposta de substituir a expressão ‘combate ao câncer’ por ‘controle do câncer’.
‘Deveríamos adotar a terminologia controle do câncer em vez de combate. Esse foco é mais abrangente e necessário, pois o câncer é uma doença crônica que requer controle contínuo. O combate é um aspecto, mas o controle envolve políticas em diversas áreas. Minha proposta é transformar o Dia Nacional de Combate ao Câncer em Dia Nacional de Controle do Câncer,’ comentou Gil.
Compromisso com a Saúde Coletiva
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, ressaltou a relevância do câncer como um tema nacional e defendeu que a instituição priorize essa questão nas suas ações estratégicas. Ele destacou a necessidade de informar a população sobre comportamentos que elevam o risco de desenvolvimento da doença. ‘Entender que o câncer é resultado de determinantes sociais é fundamental. Mesmo diante do desafio de ciência e políticas públicas, em um país desigual como o Brasil, precisamos construir políticas inclusivas. Isso deve ser uma constante nas agendas de saúde pública, especialmente no enfrentamento e controle do câncer,’ afirmou Moreira.
José Carvalheira, diretor do Departamento de Atenção ao Câncer da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, descreveu a doença como a ‘mais dura expressão da desigualdade’. Ele mencionou iniciativas adotadas pelo governo para enfrentar essa problemática, como a Política Nacional de Prevenção e Controle ao Câncer. ‘Estamos deixando para trás uma abordagem hospitalocêntrica e expandindo a visão para todas as áreas da rede. Nossa motto é que o tempo é vida, e estamos trabalhando para aprimorar o diagnóstico precoce,’ concluiu Carvalheira.

