A história da Emancipação de Volta Redonda
Volta Redonda, uma cidade que se ergueu a partir da instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na década de 1940, destaca-se como um marco da industrialização brasileira durante a Era Vargas. Naquela época, o governo federal desempenhou um papel essencial como investidor e planejador, conforme enfatiza Ianni (1971), ao afirmar que a CSN representou o projeto dos vitoriosos da Revolução de 1930. Este modelo de desenvolvimento urbano conhecido como ‘company-town’ foi adotado, onde a organização da cidade favoreceu a companhia, refletindo uma estratégia de gestão que sustentou suas atividades industriais.
A estrutura urbanística da cidade foi planejada por Atílio Corrêa Lima, um renomado urbanista que também concebeu Goiânia. A proposta era desenvolver uma cidade operária com traços simples, conforme a visão de Vieira (2011), que priorizou a funcionalidade em detrimento de construções monumentais. O projeto visava atender a uma nova sociedade industrial, organizando o espaço urbano em áreas específicas para habitação, trabalho e lazer, em alinhamento com a concepção de ‘cidade industrial’ de Tony Garnier.
A presença da CSN não foi apenas uma questão econômica; ela moldou a vida social e cultural de Volta Redonda. Fontes e Lamarão (2006) destacam a substituição de espaços públicos tradicionais por instalações da CSN, como a usina, que tornou-se o centro da cidade. De acordo com Assis (2013), a influência religiosa na comunidade foi evidenciada pela construção de um templo na Vila Santa Cecília, mesmo que distante do eixo central. O impacto da CSN na organização social e habitacional da cidade se reflete em seu planejamento estratégico, promovendo uma nova dinâmica entre capital e trabalho, conforme Lopes (1993).
Desenvolvimentos Urbanos e a Evolução da Cidade
O planejamento inicial da cidade incorporou áreas segregadas que refletiam a hierarquia da usina. A ‘cidade nova’, sob a administração da CSN até 1967, foi projetada para acomodar funcionários de diversos níveis, enquanto a ‘Cidade Velha’ emergiu nas periferias, como Retiro e Belmonte, conforme a analise de Fontes e Lamarão (2006). Essa dualidade urbana revela os contrastes sociais que persistem até hoje.
Em 1967, as responsabilidades urbanas foram transferidas da CSN para a Prefeitura, um tempo marcado por crise e reestruturação. A CSN, que havia gerado uma forte conexão entre empresa e cidade, começou a desmantelar seu modelo paternalista, um processo que se intensificou com o recrutamento de mão-de-obra local e a formação de iniciativas educacionais, como a Escola Técnica da CSN, criada em 1944.
Além das transformações econômicas e sociais, Volta Redonda se tornou um centro educacional significativo. O Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) e outras instituições atraem milhares de estudantes, fomentando a economia local e movimentando o mercado de trabalho. Especialistas da área, como a direção da FASF, destacam o crescimento no número de matriculados, especialmente em cursos com alta demanda, como Psicologia e Engenharia.
Um Olhar para o Futuro: Desafios e Perspectivas
O futuro de Volta Redonda está intrinsecamente ligado ao seu potencial econômico. Os setores de comércio e serviços têm sido apontados por dirigentes de associações locais como os principais motores de crescimento da cidade. Com a localização privilegiada e investimentos em infraestrutura, a cidade se destaca como um polo regional, atraindo residentes de municípios vizinhos.
Com o lançamento de novos projetos, como o Hospital da FOA, que oferece serviços de saúde inovadores, e a revitalização do Espaço das Artes Zélia Arbex, Volta Redonda busca consolidar sua posição como referência na cultura e na educação. Além disso, a cidade se prepara para receber novos museus, como o Museu do Vídeo Game, que visam enriquecer a oferta cultural local.
No entanto, expande-se a necessidade de um planejamento urbano que respeite a história e o legado da cidade, evitando o crescimento desordenado e promovendo uma mobilidade sustentável. O engajamento de todos os setores da sociedade é fundamental para transformar Volta Redonda em um espaço ainda mais inclusivo e vibrante.