Volta Redonda: Uma história de Crescimento e Transformação
Volta Redonda, localizada no coração do Rio de Janeiro, foi moldada ao longo de suas sete décadas de emancipação política-administrativa. A cidade surgiu e se desenvolveu em torno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), cujo estabelecimento na década de 1940 catapultou a região para o centro da industrialização brasileira, especialmente durante a Era Vargas, um período em que o governo federal adotou posturas interventoras na economia.
Com a CSN como carro-chefe, a cidade adotou o modelo de ‘company-town’, onde a empresa gerenciava praticamente todos os aspectos da vida urbana. De acordo com Lima (2008), essa estrutura era semelhante a uma “minicidade”, com habitações, comércio, escolas e áreas de lazer controladas por uma única companhia.
Assis (2013) define Volta Redonda como uma comunidade predominantemente composta por funcionários da CSN, que possuíam significativa influência sobre o mercado imobiliário e serviços urbanas. Lask (1991) a descreve como um ‘estado em miniatura’, onde a CSN não apenas dominava a economia, mas também exercia forte controle social.
O urbanismo da cidade foi traçado por Atílio Corrêa Lima, um renomado urbanista que desenhou a cidade sob influências do urbanismo francês e do conceito de cidade industrial. Para garantir uma integração entre as áreas de habitação e trabalho, o projeto previu um zoneamento claro, onde cada área cumpria uma função específica.
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O Impacto da CSN na Vida Urbana
A presença da CSN alterou profundamente a configuração urbana de Volta Redonda. Tradicionais praças e igrejas foram substituídas pela Usina da CSN, situada no centro da cidade. Apesar da ausência de templos religiosos na cidade-modelo de Garnier, a influência da Igreja se manifestou com a construção de um templo em um morro, longe do núcleo principal. Politicamente, a Igreja sempre teve um papel central na vida da comunidade.
Os polos urbano e industrial se complementavam, com o plano urbanístico buscando estabelecer uma nova dinâmica entre capital e trabalho, promovida pelo Estado. Lopes (1993) explicou que a gestão direta do espaço urbano poderia transformar ruas e residências em extensões da fábrica e do próprio Estado. Contudo, esse planejamento também trouxe um alto grau de segregação social, criando uma hierarquia residencial que refletia a estrutura da usina.
A ‘cidade nova’, controlada pela CSN até 1967, foi projetada para abrigar os quadros técnicos e administrativos da empresa, bem como a classe média. Essa organização urbana, conforme Lask (1991), era caracterizada por um ‘estado em miniatura’, respaldado por um aparato repressivo robusto.
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Atualmente, Volta Redonda se destaca não apenas pela sua história industrial, mas também pela sua evolução acadêmica e cultural. A cidade abriga diversas instituições de ensino superior, tornando-se um polo universitário que atrai estudantes de toda a região, impulsionando a economia local através de consumo em setores como alimentação e lazer.
O Legado Cultural e Educacional
Entre as instituições de ensino, o Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) é um dos mais destacados, oferecendo um renomado curso de Medicina, além de outras formações acadêmicas. O Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB-FERP) e a Faculdade Sul Fluminense (FASF) também contribuem significativamente para a formação profissional na região.
Recentemente, Volta Redonda também se destacou pela inovação no setor de saúde com a inauguração do Hospital da FOA, que introduziu a cirurgia robótica pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um marco significativo para a região, prometendo atender cerca de meio milhão de pessoas anualmente.
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A cidade também se destaca por iniciativas culturais, como a orquestra Filarmônica de Volta Redonda, que visa enriquecer o patrimônio cultural local e dar oportunidades a músicos da região. Essa orquestra é um reflexo do crescimento e do desenvolvimento cultural que tem sido incentivado ao longo dos anos.
Reflexões sobre o Futuro
À medida que Volta Redonda celebra seus 70 anos, é importante refletir sobre seu futuro como uma cidade que, apesar de suas raízes industriais, busca se reinventar por meio da educação, cultura e inovação. A cidade se apresenta não apenas como um centro econômico, mas como um espaço de oportunidades e desenvolvimento humano.
Como apontado por especialistas, o planejamento urbano e a integração das comunidades são essenciais para garantir um crescimento sustentável, mantendo a identidade e a qualidade de vida dos seus cidadãos. Volta Redonda, com sua rica história e seu olhar voltado para o futuro, deve continuar a ser um exemplo de resiliência e evolução no cenário brasileiro.