A história da Emancipação de Volta Redonda
Volta Redonda, fundada em 17 de julho de 1954, é um exemplo marcante de transformação urbana, impulsionada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que se instalou na cidade nos anos 1940. Essa indústria não apenas moldou a configuração urbana, mas também estabeleceu a cidade como um símbolo da industrialização brasileira durante a Era Vargas, quando o governo adotou uma postura intervencionista e investidora. Segundo Ianni (1971), a CSN representa os interesses dos vencedores da Revolução de 1930, simbolizando uma nova era de desenvolvimento.
A estrutura da cidade foi planejada em conformidade com o modelo de ‘company-town’, uma prática comum no início do século XX, onde a vida comunitária é organizada em torno de uma empresa. Lima (2008) descreve esse modelo como uma “minicidade”, onde habitação, comércio, educação e lazer são controlados por uma única corporação.
Assis (2013) define Volta Redonda como uma comunidade predominantemente habitada por funcionários da CSN, que detinha uma parte significativa do imobiliário e serviços públicos da cidade. Além disso, Lask (1991) caracterizou a cidade como um ‘estado em miniatura’, operado sob a administração da CSN.
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O Planejamento Urbanístico e Influências
O projeto urbanístico de Volta Redonda foi elaborado pelo renomado urbanista Atílio Corrêa Lima, que também projetou Goiânia. Influenciado pelo urbanismo francês, Lima buscou evitar grandes construções monumentais, optando por um design econômico e simples. Vieira (2011) observa que a cidade operária foi desenhada de forma a atender as necessidades de seus trabalhadores, com a intenção de servir como modelo para a crescente sociedade industrial brasileira.
A organização do espaço urbano foi profundamente influenciada pela presença da CSN, que não só moldou a cidade fisicamente, mas também socialmente. Fontes e Lamarão (2006) apontaram que a tradicional praça e a igreja matriz, comuns em cidades brasileiras, foram substituídas pela Usina da CSN. Embora a influência da Igreja fosse notável, uma construção religiosa foi erguida na Vila Santa Cecília, um pouco distante do centro da cidade.
A Cidade e suas Divisões Sociais
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Os polos urbano e industrial de Volta Redonda se interconectam, criando duas vertentes complementares na vida da cidade. Lopes (1993) ressalta que o planejamento urbano visava estabelecer uma nova relação entre os interesses do capital e do trabalho, com o Estado como provedor de bens e serviços. O espaço da cidade foi desenhado para refletir essa hierarquia, com a segregação residencial marcando as zonas de influência da CSN até 1967, quando a empresa transferiu a administração urbana ao município.
Com ruas largas e arborizadas, o planejamento de Corrêa incorporou um design moderno, atendendo aos mais altos padrões de urbanidade. Os bairros centrais, como Vila Santa Cecília e Laranjal, serviram de moradia para a classe média e os quadros técnicos da CSN, enquanto as áreas mais baixas abrigavam trabalhadores operacionais.
Uma Cidade que se Reinventa
No contexto atual, Volta Redonda se destaca por seu potencial educacional, abrigando instituições de ensino superior de renome que atraem milhares de estudantes. O Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), a Faculdade Sul Fluminense (FASF) e outros centros educacionais oferecem formação de qualidade, contribuindo para o desenvolvimento da região e preparando profissionais para o mercado de trabalho.
A cidade também conta com uma nova proposta de desenvolvimento econômico, onde a expansão do comércio e dos serviços se destaca como motores de crescimento. Iniciativas como o Vírgula Hub de Inovação, um espaço dedicado à tecnologia e ao empreendedorismo, ilustram a busca por um futuro mais dinâmico e integrado.
Volta Redonda, nesses 70 anos, não apenas resistiu, mas se reinventou, tornando-se um símbolo de perseverança e desenvolvimento. O município, que começou como um projeto industrial, agora caminha para um futuro promissor, sempre em busca de inovações que reflitam a força e a história de seus cidadãos.