A história de emancipação de Volta Redonda
Volta Redonda, oficialmente emancipada em 17 de julho de 1954, é uma cidade que se desenvolveu em torno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), fundada na década de 1940. Essa siderúrgica não apenas impulsionou a industrialização na Era Vargas, mas também representou a transformação urbana do município sob um modelo de ‘company-town’, onde a empresa exerceu grande influência sobre a vida local. Estudos, como os de Ianni (1971), revelam que a CSN simbolizou o projeto dos vitoriosos da Revolução de 1930, refletindo a política intervencionista do Estado.
A cidade foi planejada com base em um conceito que envolvia a criação de uma minicidade, onde a CSN gerenciava praticamente todos os aspectos da vida urbana, incluindo habitação, comércio e serviços. Lima (2008) descreve isso como uma “minicidade” que abrigava estruturas comunitárias em torno da produção industrial. A definição de Assis (2013) acentua que Volta Redonda era considerada uma comunidade de trabalhadores de uma única empresa, com a CSN detendo amplo controle sobre o mercado imobiliário e os serviços coletivos.
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A estrutura urbana de Volta Redonda foi projetada pelo renomado urbanista Atílio Corrêa Lima, que se inspirou no urbanismo francês e no conceito de cidade industrial de Tony Garnier. O planejamento incluiu a criação de espaços para habitação, trabalho e lazer, evitando a monumentalidade e priorizando a funcionalidade. O modelo urbano buscava estabelecer um equilíbrio entre capital e trabalho, criando uma nova relação entre os cidadãos e a indústria.
A presença da CSN impactou até mesmo a configuração das principais praças e igrejas, que foram ofuscadas pela Usina da CSN, localizada no centro da cidade. Embora a igreja mantivesse um papel político e social importante, sua posição era marginal em relação ao coração industrial da cidade. Lopes (1993) destaca que o plano urbanístico visava transformar a cidade em uma extensão da fábrica, refletindo a hierarquia e a segregação de classes que existia na usina.
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Com o passar dos anos, a cidade passou por diversas fases de desenvolvimento, desde a centralização na CSN até a emancipação e a subsequente expansão urbana após 1967. Esse período foi crucial para a formação do que hoje conhecemos como Volta Redonda, com a cidade se adaptando continuamente às mudanças econômicas e sociais.
Além do crescimento econômico, a cidade se destacou pelo seu papel educacional, com a implantação de instituições de ensino superior, como o Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) e o Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB). Estes centros atraem milhares de estudantes e têm contribuído significativamente para o dinamismo econômico local, gerando emprego e movimentando diversos setores, como alimentação e lazer.
Marcar os 70 anos de Volta Redonda é celebrar não apenas seu crescimento e desenvolvimento, mas também reconhecer a história de luta e superação de seus cidadãos. A cidade agora se prepara para um novo capítulo em sua história, com a expectativa de continuar a prosperar e se destacar como um importante polo regional no estado do Rio de Janeiro.